A Humanização Desgastada: quando um termo perde seu significado verdadeiro

O termo 'humanização' é amplamente citado em diversos setores, mas frequentemente se perde como um jargão corporativo descolado de seu real significado. Nosso artigo convida você a refletir sobre como este conceito tem sido usado de maneira superficial e a explorar maneiras de resgatar sua verdadeira essência, para que possamos nos conectar de maneira genuína em um mundo cada vez mais carente de afeto.

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A Humanização Desgastada: quando um termo perde seu significado verdadeiro

Em tempos de avanços tecnológicos e transformações digitais, o termo 'humanização' tem sido amplamente utilizado em diversos setores, desde a saúde até o atendimento ao cliente. No entanto, o que deveria ser um chamado para uma abordagem mais empática e centrada no ser humano, muitas vezes, tornou-se apenas mais um jargão corporativo, esvaziado de seu significado original.

Origens e Significado da Humanização

A humanização, em sua essência, refere-se ao processo de reconhecer e valorizar as características intrinsecamente humanas, como emoções, sentimentos, desejos e necessidades. Trata-se de uma abordagem que coloca o ser humano no centro, buscando compreender e respeitar sua individualidade e dignidade.

O Desgaste do Termo

No entanto, com o passar do tempo, o termo começou a ser usado de forma indiscriminada. Empresas passaram a adotar a 'humanização' como uma estratégia de marketing, muitas vezes sem fazer mudanças reais em suas práticas. O resultado? Um conceito que deveria ser profundo e transformador tornou-se superficial.

Por exemplo, é comum ver empresas que afirmam ter um atendimento humanizado por terem pessoas no atendimento e não sistemas automatizados. No entanto, os atendentes estão restritos a seguir protocolos rígidos e scripts pré-estabelecidos, com pouco ou nenhum espaço para personalização ou empatia genuína no atendimento. Eles são treinados para resolver problemas dentro de um conjunto limitado de opções, sem autonomia para tomar decisões que poderiam realmente atender às necessidades específicas de cada cliente. Assim, mesmo com a presença humana, o atendimento acaba sendo tão mecanizado e impessoal que se assemelha ao de um robô, falhando em conectar-se verdadeiramente com o cliente e entender suas preocupações individuais.

Da mesma forma, no setor da saúde, hospitais e clínicas frequentemente promovem 'humanização' no atendimento. No entanto, essa 'humanização' muitas vezes não se reflete nas condições de trabalho dos profissionais de saúde. Médicos, enfermeiros e outros profissionais são frequentemente submetidos a jornadas extenuantes, com recursos limitados e sob pressão constante. Essas condições dificultam a prestação de um cuidado verdadeiramente humanizado, pois os profissionais, apesar de sua vocação e empatia, encontram-se em um sistema que limita sua capacidade de oferecer atenção individualizada e cuidado compassivo. Em vez de terem tempo e espaço para se conectar com os pacientes, entender suas histórias e necessidades, muitas vezes se veem presos em rotinas apressadas e burocráticas, que priorizam a eficiência em detrimento do cuidado personalizado.

Esses exemplos ilustram como a humanização, quando não acompanhada de mudanças estruturais e de mentalidade, pode se tornar apenas um conceito vazio. É fundamental que as organizações repensem suas práticas e estruturas para que a humanização deixe de ser apenas um slogan de marketing e se torne uma realidade palpável e significativa no dia a dia de clientes e profissionais.

Consequências do uso Equivocado

O uso equivocado do termo 'humanização' não apenas desvaloriza seu significado original, mas também pode levar a ceticismo e desconfiança. Quando as pessoas ouvem repetidamente que algo é 'humanizado', mas não veem essa promessa refletida em ações concretas, elas começam a questionar a autenticidade dessas afirmações.

Além disso, a banalização do termo pode impedir que esforços genuínos de humanização sejam reconhecidos e valorizados. Aqueles que realmente se esforçam para criar ambientes mais humanos e empáticos podem ser ofuscados por aqueles que simplesmente usam o termo como uma “estratégia de branding”.

Resgatando a Verdadeira Essência da Humanização

Para evitar que o termo 'humanização' continue sendo esvaziado de seu significado, é essencial que as organizações o adotem de maneira autêntica. Isso significa ir além das palavras e focar em ações concretas que coloquem as pessoas no centro.

Empresas e instituições devem se perguntar: "Estamos realmente ouvindo e compreendendo as necessidades e desejos de nossos clientes, pacientes ou funcionários? Estamos criando ambientes onde as pessoas se sentem valorizadas e respeitadas?"

Ao resgatar a verdadeira essência da humanização, podemos criar ambientes mais acolhedores, empáticos e, acima de tudo, verdadeiramente humanos. E, ao fazer isso, não apenas melhoramos a experiência das pessoas, mas também construímos confiança e autenticidade em um mundo cada vez mais carente de conexões humanas genuínas.

Joyce Romanelli

Cofundadora da Fluxus

Descubra reflexões e perspectivas sobre desenvolvimento humano

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