A Comunicação Não-Violenta (CNV) vai além de técnicas de comunicação; trata-se de criar conexões genuínas e promover um ambiente de respeito e colaboração. Este artigo aborda os componentes da CNV e como a prática da escuta empática pode transformar tanto as interações pessoais quanto o ambiente de trabalho, melhorando a qualidade das relações e promovendo uma cultura de empatia.
Explorando novas fronteiras do conhecimento, a Comunidade Minha Carreira da Fluxus promoveu uma aula transformadora sobre Comunicação Não-Violenta (CNV) ministrada por Zare Ferragi, professor e coordenador do MBI UFSCar, que busca "ligar os pontos" sob a abordagem da CNV, ensinando, pesquisando e trabalhando como consultor para mudanças institucionais.
Baseada nos ensinamentos de Marshall Rosenberg, a aula abordou como a CNV pode transformar nossas interações pessoais e profissionais, promovendo conexões genuínas e empáticas.
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O encontro começou com uma reflexão poética e uma abordagem cheia de brandura e gentileza. A frase da canção "Gentle With Myself" de Karen Drucker, "Serei gentil e brando comigo mesmo e irei o tão rápido quanto minhas partes mais lentas se sintam seguras em avançar", marcou o tom inicial, sublinhando a importância da autocompaixão como base para a prática da CNV.
Para compreender melhor essa abordagem, é essencial explorar os fundamentos da CNV.
A CNV se baseia em quatro componentes principais: observação; sentimentos; necessidades; pedidos.
Um dos componentes da CNV é a prática de fazer observações claras e objetivas, sem misturá-las com interpretações ou julgamentos.
Observar os fatos de forma objetiva evita conflitos decorrentes de interpretações divergentes.
Por exemplo, em vez de "Você me ignora!", podemos expressar a situação de forma mais factual: "Notei que não temos conversado muito ultimamente.”
A primeira abordagem tende a provocar defensividade e resistência, enquanto a segunda aumenta a probabilidade de a outra pessoa estar aberta ao diálogo.
Os sentimentos são experiências internas que descrevem nosso estado emocional, como tristeza, animação, aborrecimento, alívio, etc.
Na CNV, aprendemos a expressar nossos sentimentos de maneira clara e a ouvir os sentimentos dos outros sem julgamento. Isso pode transformar a forma como nos relacionamos.
Por exemplo, em vez de "Sinto que estou sendo ignorado", podemos expressar "Eu me sinto solitário quando não há diálogo entre nós".
Isso abre espaço para uma conversa construtiva sobre como as necessidades de ambos podem ser atendidas.
As necessidades são os impulsos fundamentais por trás de nossas ações, palavras e escolhas. Segundo Marshall Rosenberg, "por trás de toda ação existe uma necessidade humana universal".
Compreender essa universalidade é essencial, especialmente em diálogos desafiadores, pois nos ajuda a identificar pontos em comum e reforçar nossa conexão com o que é essencialmente humano.
Por exemplo, se alguém expressa "Eu me sinto solitário quando não há diálogo entre nós", a necessidade subjacente pode ser expressa como "Minha necessidade é de conexão e comunicação".
A CNV nos ensina a fazer pedidos claros e acionáveis sem impor exigências. Isso nos permite ser assertivos em expressar o que queremos, ao mesmo tempo em que mantemos a conexão e respeitamos a autonomia do outro.
Por exemplo, após expressar a observação "Notei que não temos conversado muito ultimamente" e o sentimento "Eu me sinto solitário quando não há diálogo entre nós", podemos fazer um pedido relacionado: "Você estaria disposto a reservar um tempo para conversarmos e nos reconectarmos?"
É importante que nossos pedidos permitam uma resposta "sim" ou "não", indicando que estamos abertos a ouvir ambas as respostas.
A boa comunicação começa, acima de tudo, com a escuta. Rubem Alves resume bem essa ideia: "Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir."
Para sublinhar essa abordagem, Zare Ferragi destacou a escuta como um elemento essencial, frequentemente esquecido. Existem diferentes formas de abordagem na escuta, cada uma impactando a comunicação e a conexão entre as pessoas de maneiras distintas:
A "presença ausente" ocorre quando a pessoa parece estar presente, mas não presta atenção de verdade.
Caracterizada por distrações, falta de contato visual e respostas vagas ou automáticas, essa forma de interação pode ser frustrante e desmotivadora para quem está falando, pois a falta de atenção genuína impede a formação de uma conexão verdadeira.
É o típico: “pode ir falando que estou ouvindo...”.
O "conselho amigo" acontece quando quem deveria estar escutando interrompe frequentemente para dar conselhos não solicitados.
Embora a intenção possa ser ajudar, essa abordagem pode ser percebida como intrusiva e invalidante, desviando o foco da experiência e dos sentimentos da pessoa falante para as opiniões e soluções da pessoa ouvinte.
Isso pode causar irritação e sentimento de desvalorização, já que as preocupações e necessidades da falante não são realmente ouvidas.
É o clássico: “ih, já vivi isso...”.
A "Escuta empática" envolve uma abordagem de escuta ativa, onde a pessoa ouvinte se dedica a compreender e validar os sentimentos e necessidades da pessoa falante sem julgamentos ou interrupções.
Essa forma de escuta inclui contato visual, respostas atenciosas e uma postura aberta e receptiva. Promove uma conexão mais profunda e significativa, fazendo com que a falante se sinta valorizada e compreendida.
É o reconfortante: "Acolho o que você está sentindo, estou aqui para ouvir."
Ao entender e praticar a escuta empática, é possível melhorar significativamente a qualidade das interações e a eficácia da comunicação, elemento essencial da CNV.
A adoção da CNV tem o potencial de transformar tanto as relações pessoais quanto o ambiente de trabalho. A prática contínua da CNV é fundamental para desenvolver relações mais saudáveis e produtivas, promovendo uma cultura de respeito, empatia e colaboração.
Profissionais que dominam essa tecnologia têm uma vantagem competitiva significativa.
Um ponto de atenção é a necessidade de evitar o uso mecânico ou manipulativo das técnicas da CNV. É importante que sua prática seja genuína e intencional, respeitando sempre a autenticidade na comunicação.
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A experiência desse encontro foi rica em aprendizado e reflexão. Ao integrar elementos artísticos como poesia e música, e ao promover interações dinâmicas, a abordagem de Zare Ferragi nos trouxe uma nova perspectiva sobre a CNV, colocando a escuta como protagonista.
Esse enfoque inovador não só enriqueceu nossa compreensão sobre comunicação, mas também promoveu um ambiente de crescimento e transformação contínua.