Neste artigo exploramos a importância de uma abordagem estruturada e respeitosa, onde o feedback serve como um eco do desenvolvimento, ampliando o potencial de cada membro da equipe. Discutimos as nuances de seu conteúdo e forma, e como um feedback bem aplicado pode transformar o ambiente de trabalho, promovendo um ciclo contínuo de aprendizado e crescimento.
Em nosso último artigo, exploramos os desafios, estratégias, nuances e práticas associadas ao feedback. Hoje, vamos aprofundar um pouco mais no papel do feedback e em sua estrutura, mas já precisamos deixar clara a importância de distinguir entre feedback e outras formas de comunicação que, embora possam ser confundidas com feedback, são meras dicas, "toques" sutis ou até microagressões disfarçadas.
Quando falamos de dicas e toques, é importante considerar o contexto em que são dados, mas podemos usar alguns exemplos para apoiar o entendimento. Uma dica pode ser quando descobrimos uma nova ferramenta que acreditamos que facilitará o dia a dia de alguém e a recomendamos. Um toque pode ocorrer quando observamos que a assinatura do e-mail de alguém está grande e desproporcional ao tamanho do texto, e recomendamos a redução do tamanho.
Já as microagressões, como "Você tem cara de muito novinha!" ou “Você gesticula muito as mãos enquanto fala!” ou "Você acha mesmo que tem perfil para liderança?", não têm relação com contexto e não constituem feedback em forma alguma.
O feedback bem aplicado ressoa como ecos do desenvolvimento, amplificando o potencial de crescimento e transformação, com o objetivo de catalisar o desenvolvimento, nunca adiá-lo.
O feedback deve ser direcionado para ajudar a pessoa receptora a alcançar o próximo degrau de sua evolução, sem desmerecer os degraus já conquistados.
Algumas possibilidades incluem:
- Feedback como ferramenta de desenvolvimento: fornece informações construtivas sobre desempenho, comportamento ou habilidades, para promover o desenvolvimento profissional e pessoal;
- Feedback como mecanismo de ajuste: oferece orientações e avaliações sobre o trabalho do profissional, para alinhar suas ações e comportamentos às expectativas e objetivos da Organização;
- Feedback como via de mão dupla: envolve tanto a entrega de informações sobre o desempenho quanto a recepção de respostas ou reações, facilitando o diálogo e a colaboração entre líderes e membros da equipe;
- Feedback como instrumento de engajamento: utilizado para reconhecer conquistas, abordar áreas de melhoria e incentivar o comprometimento contínuo com o sucesso da organização.
A eficácia do feedback reside na harmonia entre seu conteúdo e forma.
- Conteúdo: deve ser relevante e impactante, fundamentado em evidências e observações objetivas, ao invés de se basear em impressões subjetivas ou generalizações.
É importante que o feedback seja específico e direcionado, focando em comportamentos ou resultados concretos que possam ser observados e mensurados. Isso garante que o receptor tenha uma compreensão clara do que está sendo discutido e como pode melhorar.
Por exemplo:
- Ao invés de: “Você nunca fala nada nas reuniões.”
- Recomendamos: “Notei que você tem sido mais reservado nas reuniões. Há algo que podemos fazer para te ajudar a se sentir mais à vontade para compartilhar suas ideias?"
A primeira afirmação é uma generalização, o que pode fazer com que o receptor se sinta injustamente criticado e desmotivado. Já a abordagem recomendada é baseada em observação específica e convida o receptor a participar na solução, promovendo um ambiente de apoio e desenvolvimento.
- Forma: a forma como o feedback é entregue é tão importante quanto o próprio conteúdo. O respeito deve ser a base da comunicação, garantindo que o feedback seja recebido em um contexto de dignidade e consideração.
A abordagem deve ser construtiva e orientada para soluções, visando apoiar o desenvolvimento do receptor, em vez de criticar ou desmotivar. A escolha de palavras, o tom de voz e a linguagem corporal devem ser cuidadosamente considerados para transmitir uma mensagem positiva e encorajadora.
Além disso, é fundamental criar um espaço seguro e aberto para o diálogo, permitindo que o receptor responda, faça perguntas e participe ativamente do processo de feedback
Por exemplo:
- Ao invés de: “Isso está completamente errado, assim não dá!"
- Recomendamos: “Há alguns aspectos aqui que precisam de ajustes. Vamos revisar juntos para encontrar a melhor solução?"
No primeiro caso, a crítica é direta e com tom de ameaça, podendo causar defensividade no receptor. Na abordagem recomendada, o feedback é apresentado de forma construtiva, focando na colaboração para a melhoria, o que é mais propício para o desenvolvimento e a motivação.
- Oportunidade: o feedback deve ser oportuno, ou seja, entregue no momento certo para maximizar seu impacto. Um feedback dado tarde demais pode perder sua relevância, enquanto um feedback prematuro pode ser baseado em informações incompletas. A oportunidade garante que o feedback seja imediatamente aplicável e que as ações corretivas possam ser tomadas em tempo hábil;
- Perspectiva Pessoal: o feedback não deve ser terceirizado. Deve partir do ponto de vista do emissor, refletindo suas próprias observações e experiências. Isso ajuda a manter a objetividade e evita que o feedback seja percebido como uma crítica impessoal ou genérica;
- Preparação: a entrega do feedback exige preparo, o que significa que o emissor deve dedicar tempo para refletir sobre o feedback que será dado, considerando tanto o conteúdo quanto a forma. Uma preparação cuidadosa ajuda a garantir que o feedback seja claro, focado e construtivo, aumentando a probabilidade de ser bem recebido e atendido;
- Ritmo e Registro: estabelecer um ritmo para o feedback recorrente cria uma expectativa de desenvolvimento contínuo e permite que tanto o emissor quanto o receptor acompanhem o progresso ao longo do tempo. Manter um registro das conversas de feedback ajuda a documentar os pontos discutidos, as ações acordadas e o progresso alcançado, servindo como uma referência útil para futuras avaliações.
Ao adotar esses princípios e abordagens na prática do feedback, as organizações podem fomentar um ambiente de trabalho onde os ecos do desenvolvimento ressoam de maneira contínua, promovendo uma cultura de aprendizado, inovação e crescimento colaborativo.
Lembre-se, o feedback não é apenas uma ferramenta de gestão, mas uma expressão de respeito e compromisso com o crescimento contínuo de cada pessoa da equipe.