Os Pilares da Nova Liderança: e se as pessoas dessem 100% de si mesmas no trabalho?

Liderar na Era da Complexidade exige uma abordagem que combine visão sistêmica, autoconhecimento, execução eficaz e conexão genuína. Este artigo apresenta os 4 Pilares da Nova Liderança, essenciais para enfrentar os desafios de um ambiente de trabalho em constante mudança. Perceba como esses pilares podem transformar a liderança e impulsionar o desempenho das equipes em um mundo cada vez mais dinâmico.

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Os Pilares da Nova Liderança: e se as pessoas dessem 100% de si mesmas no trabalho?

A liderança contemporânea enfrenta desafios sem precedentes devido à complexidade crescente do mundo do trabalho. Felipe Lucheti, CEO da Fluxus, Conselheiro, e co-fundador da Beta Learning, em sua aula na Comunidade Minha Carreira by Fluxus, detalhou os 4 Pilares da Nova Liderança, oferecendo uma visão abrangente e atualizada de como liderar de maneira eficaz.

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E se as pessoas dessem 100% de si mesmas no trabalho? Foi com esse questionamento que Felipe iniciou sua aula.

Imagine um ambiente de trabalho onde todos os colaboradores estão plenamente dedicados, motivados e engajados em suas tarefas diárias. Não estamos falando de trabalhar exaustivamente a ponto de esgotamento, mas sim de um comprometimento verdadeiro durante o período laboral.

Para alcançar esse nível de comprometimento, a liderança desempenha um papel fundamental. De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Michael Page, 8 em cada 10 pessoas pedem demissão por conta do líder, e não da empresa. Além disso, metade dessas pessoas acredita que seu gestor direto poderia ter feito algo para prevenir sua saída. Isso demonstra a influência significativa que os líderes têm sobre o engajamento e a retenção dos profissionais.

Complementando esses dados, a pesquisa "Melhores para o Brasil 2023" realizada pela Humanizadas revela que as empresas que cuidam bem de seus funcionários têm um retorno financeiro 615% superior ao IBOV no longo prazo. Esses números destacam a importância de uma liderança eficaz e cuidadosa.

Diante disso, fica claro que a liderança precisa evoluir para lidar com a “Era da Complexidade”, que é caracterizada pela velocidade das mudanças tecnológicas e de conhecimento, novos paradigmas de trabalho e diferenças geracionais. Essa era exige que líderes desenvolvam habilidades para enfrentar desafios de maneira adaptativa.

O Framework de Cynefin

Para abordar a complexidade de maneira estruturada, foi utilizado o framework de Cynefin, que proporciona formas claras e objetivas de pensar sobre questões que enfrentamos. O framework classifica as situações em quatro níveis de complexidade: óbvio, complicado, complexo e caótico.

1. Óbvio: no nível óbvio, a relação entre as variáveis e a decisão a ser tomada são claras e evidentes. Não há dúvida sobre a ação ideal a ser tomada. Um exemplo seria seguir um semáforo de trânsito: verde significa avançar, vermelho significa parar.

2. Complicado: no nível complicado, existe uma resposta considerada correta, mas chegar a ela não é tão simples quanto nas questões óbvias. É necessário estudar, buscar informações e consultar especialistas no tema. Com dedicação, é possível encontrar o caminho adequado.

3. Complexo: no nível complexo, lidamos com assuntos que não possuem uma resposta certa. As variáveis são muitas e podem ser desconhecidas e subjetivas. Mesmo com estudo e preparação, a solução que funcionou em um contexto pode não funcionar em outro. É necessário estar preparado para errar, adaptar-se e evoluir continuamente.

4. Caótico: no nível caótico, as mudanças são tão rápidas e imprevisíveis que não há como se preparar adequadamente. A pandemia de Covid-19 é um exemplo claro desse nível de complexidade. Nesse contexto, as decisões são tomadas com base na sobrevivência imediata, um dia após o outro.

Dado esse entendimento sobre a complexidade, é importante adotar uma abordagem que permita lidar com essas diferentes situações de maneira adequada. Com isso em mente, podemos explorar os Quatro Pilares da Nova Liderança, que são essenciais para navegar na complexidade de maneira eficaz e adaptativa.

Pilar 1: Reconhecer o Todo

Na Era da Complexidade, é importante que as lideranças adotem uma visão sistêmica, focando nas inter-relações entre as partes, em vez de olhar apenas para cada parte isoladamente. Compreender como as partes se conectam e influenciam umas às outras é fundamental para melhorar as relações dentro das equipes e organizações.

Para alcançar essa compreensão, o pensamento sistêmico é chave. Ele envolve analisar as inter-relações e os processos de mudança ao longo do tempo, em vez de se concentrar apenas em eventos específicos. Esse enfoque contrasta com o reducionismo, que consiste na visão de que se eu dividir algo em partes cada vez menores e conseguir explicar e entender bem aquela menor parte, conseguirei explicar e entender o todo.

Enquanto o reducionismo se concentra nas partes, o pensamento sistêmico considera o sistema como um todo, observando as relações que promovem seu funcionamento.

Um exemplo prático é a operação de um restaurante. Ter o melhor cozinheiro, garçom e caixa não garante o sucesso se essas funções não trabalharem harmoniosamente. A eficiência do restaurante depende da colaboração e das interações entre todas as partes. 

Sendo assim, líderes devem entender e melhorar as dinâmicas de relacionamento dentro de suas equipes, reconhecendo que o sucesso coletivo depende dessas interações.

Pilar 2: Consciência de Si

Para exercer uma liderança eficaz, é essencial entender a complexidade interna. Isso envolve compreender seus próprios pensamentos, emoções e comportamentos. O autoconhecimento torna os líderes mais conscientes de suas influências internas e de como elas afetam suas decisões e interações.

O autoconhecimento não se trata apenas de compreender quem somos na superfície, mas também de mergulhar profundamente em nossas motivações, emoções e padrões de comportamento. Esse entendimento não só enriquece nosso senso de identidade, mas também nos prepara para interagir com o mundo de uma maneira mais autêntica e consciente.

Para isso, é importante que líderes se façam perguntas reflexivas regularmente. Perguntas como: "Minha prioridade combina com minha agenda?", "Compartilho minha visão com meus liderados?" e "Sei ouvir críticas com maturidade?" ajudam líderes a refletir sobre suas ações e a alinhar seus comportamentos com seus objetivos e valores.

Autoconhecimento não é um estado a ser alcançado, mas um processo contínuo. Os líderes devem dedicar tempo para refletir sobre suas ações e emoções, buscar feedback e estar abertos ao aprendizado constante.

Isso não só melhora a liderança, mas também cria um ambiente de trabalho mais transparente e confiável.

Pilar 3: Execução

Ferramentas de gestão são indispensáveis para a liderança, pois auxiliam na implementação e monitoramento das ações. No entanto, é importante que essas ferramentas sejam usadas com consciência e adaptadas ao contexto específico de cada equipe e organização, uma vez que a eficácia de uma ferramenta depende de sua adequação às necessidades e dinâmicas específicas do grupo.

Uma das ferramentas mais poderosas para a execução eficiente é a reunião de 1:1 (one-on-one). Esse tipo de reunião permite um acompanhamento contínuo e personalizado, ajudando a alinhar expectativas, promover o desenvolvimento dos liderados e fornecer feedback estruturado. Alguns tipos principais de feedback que podem ser abordados nas reuniões de 1:1:

- Feedback pontual: ocorre espontaneamente após uma ação ou comportamento específico. É essencial para corrigir desvios rapidamente ou reforçar comportamentos positivos.

- Feedback recorrente: parte de um processo regular de mentoria ou avaliação de desempenho. Este tipo de feedback é estruturado e visa o desenvolvimento contínuo do liderado.

A eficácia do feedback reside na harmonia entre seu conteúdo e forma:

- Conteúdo: deve ser relevante e impactante, fundamentado em evidências e observações objetivas ao invés de se basear em impressões subjetivas ou generalizações. O feedback deve ser específico e direcionado, focando em comportamentos ou resultados concretos que possam ser observados e mensurados.

Exemplo:

  • Ao invés de: “Você nunca fala nada nas reuniões.”
  • Recomendamos: “Notei que você tem sido mais reservado nas reuniões. Há algo que podemos fazer para te ajudar a se sentir mais à vontade para compartilhar suas ideias?"

- Forma: a forma como o feedback é entregue é tão importante quanto o próprio conteúdo. O respeito deve ser a base da comunicação, garantindo que o feedback seja recebido em um contexto de dignidade e consideração. A abordagem deve ser construtiva e orientada para soluções, visando apoiar o desenvolvimento do receptor em vez de criticar ou desmotivar. A escolha de palavras, o tom de voz e a linguagem corporal devem ser cuidadosamente considerados para transmitir uma mensagem positiva e encorajadora. Além disso, é fundamental criar um espaço seguro e aberto para o diálogo, permitindo que o receptor responda, faça perguntas e participe ativamente do processo de feedback.

Exemplo:

  • Ao invés de: “Isso está completamente errado assim não dá!"
  • Recomendamos: “Há alguns aspectos aqui que precisam de ajustes. Vamos revisar juntos para encontrar a melhor solução."

Além do feedback, outros elementos importantes para as reuniões de 1:1 incluem:

  • Temas: os temas das reuniões podem variar de acordo com o momento e contexto de cada liderado, abordando desde questões operacionais até desenvolvimento pessoal.
  • Escuta ativa: pratique a escuta ativa genuinamente. Demonstre interesse, anote e retome os pontos discutidos nas reuniões anteriores.
  • Presença: as reuniões devem ocorrer sem interrupções, demonstrando total presença e comprometimento do líder.
  • Recorrência: as reuniões 1:1 precisam ser recorrentes, seja semanal ou mensalmente, e devem estar sempre na agenda.
Nada na sua agenda pode ser mais importante que o seu time!

Adotar essas práticas não só melhora a execução das estratégias de liderança, mas também promove um ambiente de trabalho mais transparente e colaborativo.

Pilar 4: Conexão

Liderar é uma escolha e, para fazer isso de forma bem orientada, é preciso ter clareza de propósito. Entender por que você escolheu liderar é essencial para orientar decisões e ações. Ter essa clareza é como uma bússola, guiando o líder em sua jornada e ajudando a criar uma conexão genuína com sua equipe.

Uma analogia muito utilizada por Felipe, para descrever o papel do líder, é a do jardineiro. O jardineiro cuida do jardim: aduba, rega, poda as plantas, tira pragas quando necessário. Mas quem cresce, desabrocha e dá frutos são as plantas. 

Da mesma forma, o líder cuida das pessoas, apoia para que possam alcançar seu máximo potencial, encontrar sua próxima melhor versão ou subir o próximo degrau. E são as pessoas do time que se desenvolvem e atingem os melhores resultados possíveis.

Quando nos conectamos com nosso propósito, temos clareza dos motivos de estarmos onde estamos e essa é uma construção contínua, que só é possível com autoconhecimento e entendimento do que é importante para si. 

Para promover a conexão, os líderes devem cultivar relações genuínas e de confiança com suas equipes. Isso envolve:

  • Comunicação aberta: manter canais de comunicação abertos e transparentes.
  • Empatia: demonstrar empatia e compreensão em todas as interações.
  • Apoio consistente: estar presente e disponível para apoiar a equipe em desafios e oportunidades.

Ao adotar essas práticas, líderes não só fortalecem suas equipes, mas também promovem um ambiente de trabalho coeso e eficiente, onde todos podem prosperar e alcançar seus melhores resultados.

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Reflexão

Os quatro pilares da nova liderança apresentados por Felipe Lucheti fornecem uma base sólida para qualquer líder que deseja se destacar em um ambiente de trabalho cada vez mais complexo e dinâmico. 

Ao reconhecer o todo, buscar autoconhecimento, executar com eficiência e promover conexão, os líderes estarão mais preparados para enfrentar os desafios contemporâneos e inspirar suas equipes a alcançar um desempenho superior.

Joyce Romanelli

Cofundadora da Fluxus

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